31 de jul. de 2010

Anos

foto de Kr. B.
 Hoje completo seis anos na Espanha. Muitas coisas aconteceram nestes anos. O tempo parece passar mais rápido do que antes, não sei se isso acontece com os anos que a gente vai ganhando ou é a percepção de que alguns sonhos da juventude começam a morrer. Bom, não quero ser fatalista. Claro que enquanto alguns sonhos morrem outros nascem.

Neste tempo me casei, descobri o que é conviver  intimamente com uma pessoa dia após dia com suas qualidades e defeitos, e ao mesmo tempo comecei a pensar muito mais em como me comporto; descobri o que é viver em uma cidade com muito menos habitantes, onde posso ir ao mercado, banco, farmácia, padaria, correios tudo a pé e muitas vezes fazer tudo isso junto em menos de uma hora, mas ao mesmo tempo tenho que lidar com as fofocas dos vizinhos e com uma mentalidade provinciana; estive muitos anos chorando de saudades e acordei muitos dias me perguntando onde estava, mas agora simplesmente aceito essas crises e vejo que cada vez ocorrem mais espaçadas no tempo; aprendi a cultivar plantas (algumas morreram no caminho); tenho a companhia de duas gatas que me divertem diariamente com suas peripécias; fiz um master, uma especialização, ganhei fluência no espanhol, comecei outra faculdade e empaquei, tentei homologar meu diploma e desisti; trabalhei em alguns lugares, em um deles por dois anos, mas larguei esse emprego e agora estou pensando em algo novo; viajei muito;  alguns amigos se distanciaram mas ganhei outros; antes me faltavam quilos e agora me sobram alguns, apesar dos meus amigos acharem que estou exagerando, mas a balança não mente; ganhei umas crises asmáticas e novas alergias que me atacam principalmente no inverno; gastei muito dinheiro e tempo com papelada, renovações, etc. tanto no Brasil como na Espanha; achei deprimentes todas as minhas visitas ao consulado geral do Brasil em Madri (tenho que percorrer 1000 km entre ida e volta, o que em si já me desanima muito)  e uma vez ali no meio de uma confusão com gente tentando furar fila, gente cansada e resignada jogada no sofá, lugar abafado, etc. um cara começou a cantar "isso aqui ô, ô, é um pouquinho de Brasil iá, iá..." e achei graça no início mas depois achei aquela situação absurda e triste (espero que da próxima vez que tenha que ir lá as coisas estejam melhores); descobri que o clima influi no humor e agora sei o que é passar por invernos frios, escuros e chuvosos e depois esperar a mudança das estações. 
Quando eu voltei para o Brasil de visita minha família me disse que eu me comportava de maneira fria. Mas é que depois de anos eu não sou a mesma. Inevitavelmente fui formando uma couraça. Minha visão sobre a Espanha e os países europeus que a rodeiam mudou e com isso a forma de ver os outros continentes também.

Enquanto a este blog, faz tempo que ele está meio abandonado, mas tenho planos para reescrever alguns textos  e tal.  Estou preparando alguns textos novos, revendo fotos para publicar, etc. Os anos foram passando e algumas viagens que fiz eu nem sei muito bem em que ano aconteceram...mas tenho algumas histórias para contar.
Só para antecipar: fiz uma roadtrip pela Costa da Morte em uma Semana Santa (acho que foi há uns 2 anos), tenho umas fotos antigas de uma viagem linda que fiz a Salamanca antes de eu vir morar na Espanha que estou escaneando lentamente (acho que vou escanear algumas fotos que fiz também de Barcelona, Ávila, Toledo, etc.), fomos a León na Semana Santa deste ano, estivemos passeando pela costa de Lugo (já coloquei algumas fotos dessa viagem que fiz há uns três anos, mas quero colocar mais), tenho muitas fotos tiradas nas autovias e nas minhas idas e vindas a/de Madri. Enfim, tenho muito material, só falta organizar e publicar. Sem contar as viagens por outras bandas, e esse material vou publicar em outro blog, já que este é sobre a Espanha. ;-)

Em resumo, foram seis anos de muitas emoções. Vamos ver o que a vida me reserva para os próximos. E se tudo der certo, quem sabe eu possa contar aqui.

30 de jul. de 2010

Por aí

Parece que erro ortográfico é um problema universal.

29 de jul. de 2010

Banheiro

Paulatinamente irei postando fotos de alguns banheiros:

banheiro do restaurante do Museo Reina Sofia
banheiro de um restaurante em Bueu

o mesmo de cima mas para mulheres

27 de jul. de 2010

Botellón - Sabe o que é? Descubra porque é uma dor de cabeça para quem vive perto de um

foto de Meg Wills

Para quem não sabe o que significa, botellón é uma reunião, uma forma que as pessoas encontraram de se juntar e beber na rua ao invés de irem aos bares e discotecas, em que as bebidas costumam ser mais caras. Para saber mais sobre o que é o botellón, na Wikipedia está explicado com todo luxo de detalhes.

Aqui vou falar de como o botellón me afeta.
Nunca participei de um, simplesmente porque não tenho o costume de sair muito de noite, já que para mim deixou de ser uma diversão faz tempo, e também porque não  tenho o costume de beber. Mas posso falar das suas consequências, já que vivo em um edifício que fica de frente para uma praça onde as pessoas se reúnem para fazer botellón todas as semanas, a partir da quinta-feira até o fim de semana. 

Acho que as pessoas têm todo o direito de se reunir e fazer o que bem entenderem, que não seja ilegal e  de maneira pacífica. E acho que se um grupo de pessoas querem se divertir bebendo também é coisa deles.

O que realmente acho que contraria tudo é que o melhor lugar que as pessoas encontrem para fazê-lo seja de noite, em uma área no centro da cidade, com muitos edifícios residenciais ao redor e sem nenhuma infraestrutura para toda essa gente que se reúne (não há nenhum banheiro público por perto, por exemplo). Sem contar que vejo que essa gente não se importa se está incomodando outras pessoas que precisam descansar em suas residências e nem pensa duas vezes antes de urinar, vomitar e detonar as casas alheias.

O que costuma acontecer aqui todas as noites é que a partir da quinta-feira já começam a se reunir para as bebedeiras. E fica aquela barulheira toda, madrugada a fora, algumas vezes até pelo menos as 7 da manhã, como se houvesse um show acontecendo dentro do meu apartamento, mas não é uma bebedeira pacífica e feliz.  No começo é uma barulheira com música, gente falando alto, etc. mas depois de umas horas não há erro, começam os gritos, desentendimentos, as brigas, tanto entre homens como entre mulheres e gente incitando ao redor. 

Na manhã seguinte ao botellón, principalmente de sábado para domingo, já saio sabendo que na porta do edifício vou encontrar uma poça de urina, na melhor das ocasiões, porque em outras podemos ter alguma surpresa pior, como encontrar o vidro da porta quebrado porque alguém jogou alguma garrafa, copos quebrados, extintores esvaziados, caixa do correio queimada, etc. O que acontece com essas pessoas? Em que pensam para virem destruir a casa dos outros? 

Ao sair do edifício vejo uma fila de vômito que segue por pelo menos três quarteirões. E muito cedo, ainda com alguns jovens jogados pelas calçadas, o município envia seus empregados para limpar e esconder toda a sujeira. Até houve uma época em que conseguiram evitar o botellón colocando a polícia na praça de noite, o que também é uma solução bem tosca, que já se via que não ia ser duradoura. Para que fizeram isso? Simples: não houve botellón na época das eleições locais. Logo voltou a ocorrer a mesma coisa de antes.

Será tão difícil encontrar um lugar em que as pessoas possam se reunir em paz, com uma mínima infraestrutura, algum lugar longe dos edifícios residenciais? Provavelmente não seja do interesse dos políticos ou mesmo dos bares ao redor do botellón.

E depois de tanta algazarra, de tantas noites mal dormidas, de tanta sujeira, fico ainda procurando alguém que realmente se divirta nessa situação toda. Em outras palavras, nessa história há bêbados, insones, vizinhos furiosos, figuras fantasmagóricas que seguem pelas ruas cambaleando  até o amanhecer, mas em resumo, tem alguém se divertindo autenticamente?

Trecho de livro I

Faz um mês que li um livro do Michel Houellebecq, que em espanhol tem o título de "Las partículas elementales". Ele escreve originalmente em francês, mas como li o livro em espanhol, transcrevo aqui um trecho que achei interessante: 

"Era una habitación de vigilancia intensiva, y su abuela estaba sola. La sábana, de un blanco cegador, dejaba destapados los brazos y los hombros; le fue difícil apartar los ojos de aquella carne desnuda, arrugada, blancuzca, terriblemente vieja. Los brazos sondados estaban sujetos al borde de la cama con unas muñequeras. Un tubo acanalado le entraba por la garganta. Los cables pasaban bajo la sábana e iban hasta los aparatos de registro. Le habían quitado el camisón; no le habían dejado recogerse el moño, como todas las mañanas desde hacía años.
 
Con el largo pelo gris suelto, ya no era para nada su abuela; era una pobre criatura de carne, muy joven y muy vieja a la vez, abandonada en manos de la medicina. Michel le cogió la mano; sólo lograba reconocer esa mano. Él le cogía la mano a menudo hasta hacía muy poco, con más de diecisiete años. No abrió los ojos; pero quizá, a pesar de todo, reconoció el contacto. Él no apretó muy fuerte, simplemente le sostuvo la mano, como solía hacer; realmente esperaba que ella reconociera el contacto.

Esta mujer había tenido una infancia terrible, trabajando en una granja desde los siete años entre semibrutos alcohólicos. Su adolescencia fue demasiado breve para que pudiera acordarse. Tras la muerte de su marido trabajó en una fábrica para sacar adelante a sus cuatro hijos; en pleno invierno iba a buscar agua al patio para que toda la familia se lavara. Con más de sesenta años, recién jubilada, accedió a ocuparse otra vez de un niño, el hijo de su hijo. A él tampoco le había faltado de nada, ni ropa, ni buenas comidas los domingos, ni amor. 

Ella le había dado todo eso. Un examen mínimamente exhaustivo de la humanidad debe tener en cuenta necesariamente este tipo de fenómenos. En la historia siempre han existido seres humanos así. Seres humanos que trabajaron toda su vida, y que trabajaron mucho, sólo por amor y entrega; que dieron literalmente su vida a los demás con un espíritu de amor y de entrega; que sin embargo no lo consideraban un sacrificio; que en realidad no concebían otro modo de vida más que el de dar su vida a los demás con un espíritu de entrega y de amor.

En la práctica, estos seres humanos casi siempre han sido mujeres."

22 de jul. de 2010

Eu no cabeleireiro


Como muitas pessoas, aprecio essa coisa de ir ao cabeleireiro, mas vou poucas vezes por ano, porque não acho necessário, pelo menos no meu caso.  Tenho um cabelo que não precisa de muita manutenção, além do lavar e secar. Só quando o cabelo já está super longo vou porque não tem jeito mesmo. Nunca vi tanto cabeleireiro por metro quadrado como aqui nesta cidade. Os mais careiros estão vazios e aguentam mal a concorrência, e os mais em conta ficam cheíssimos.

Só tenho que cortar o cabelo de maneira simples e por isso sempre vou ao mesmo que está perto de casa. Sou do tipo que dá prejuízo. Porque além de tudo, como  muita gente, aproveito enquanto espero para devorar todas as revistas Hola (a revista Caras espanhola) que eu puder, já que eu não tenho o costume de comprar essa revista (muito cara para os benefícios tão efêmeros que proporciona).

Gosto mesmo é de ver todas as fotos destas revistas e saber de todas as fofocas no menor intervalo de tempo possível. O mesmo acontece quando estou na sala de espera do médico ou dentista (é sempre uma grande decepção estar em uma sala de espera em que não há nenhuma revista de fofocas). Faz parte do ritual.

Uma revista que eu gosto de ver nesses momentos além da Hola também é outra de fofocas, da qual não lembro o nome mas que reconheço logo na pilha de revistas, que tem umas dicas legais de cozinha, de tirar manchas, limpeza, etc.  Quando penso nesses gostos chego à conclusão de que realmente estou me transformando numa Amélia. Não sei porque adoro ler esse tipo de coisa, porque no final das contas não me lembro de nada quando preciso daquelas dicas.

Então, eu estava falando do cabeleireiro. É que não sei se só eu acho estranho isso, mas quando eu ia ao cabeleireiro antes de vir para cá, era lavar, cortar e secar e eu pagava um preço. Mas aqui eles querem cobrar cada coisa de forma separada. Isso me ocorreu em todos os cabeleireiros em que estive. Depois de lavar e cortar fazem uma pausa de suspense. Se eu sigo ali sentada começam a secar meu cabelo. E o preço que estava na porta engorda em não sei quanto. Agora vou a um cabeleireiro em que no preço está tudo incluído, ou seja, é um preço único por lavar, cortar e secar, o que eu acho mais lógico.

Mas uma vez ali pedi que não secassem muito meu cabelo, porque sentia que quase queimavam minha cabeça com o secador, já que o colocavam muito perto do couro cabeludo e por muito tempo. Ou seja, o que eu não queria mesmo era a escova, que estivessem passando a escova mil vezes junto com o calor do secador.

Justamente o que não gosto é sair do cabeleireiro e que todo mundo  saiba que estive lá. Sei lá, o cabelo tem que parecer natural... Acharam aquilo de eu não querer secar muito o cabelo estranho. E depois na hora de cobrar descontaram o valor da secagem. Acho que pensavam que eu pedia para não secar muito porque queria pagar menos, mas isso é meio absurdo... já que era um preço único. Agora não falo nada e deixo que sequem meu cabelo porque é mais simples que ficar explicando porque não quero escova no cabelo.

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Já que o tema é cabeleireiro, em dias chuvosos costumo encontrar senhoras recém saídas do cabeleireiro com sacolas na cabeça, para que a chuva não estrague o penteado. Ainda não pude tirar nenhuma foto, mas quando puder posto aqui.

Há um grupo no facebook chamado "Señoras con la bolsa en la cabeza cuando llueve". Ali você pode ver algumas fotos deste simpático costume.

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foto de anthony kelly
este é um texto de 2007 que revisei e estou postando agora.

16 de jul. de 2010

Sites sobre como economizar


Lista de sites em espanhol sobre como economizar e gastar menos, encontrar promoções, saber de eventos gratuitos, ideias de reciclagem, etc.
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foto: wfabry

    9 de jul. de 2010

    Piada de funcionário público

    Aqui funcionário público é chamado simplesmente de "funcionario". E como em muitos lugares também têm essa má fama de serem comodistas e espertalhões. Então, aqui vai uma piada que encontrei na net:

    "Un ingeniero, un contable, un químico, un informático y un funcionario se vanaglorian por tener cada uno un perro maravilloso.
    El ingeniero llama a su can:
    - ¡Raíz Cuadrada, enséñanos tu talento!
    La perra avanza hasta una pizarra y dibuja rápidamente un cuadrado, un círculo y un triángulo.
    El contable dice a su perro: - ¡Balance, enséñanos lo que puedes hacer!
    El perro va hasta la cocina, y vuelve con una docena de galletas, y las apila en 3 montones iguales de 4 galletas.
    El químico dice que su perro puede hacerlo mejor:
    - ¡Termómetro, haz tu número!
    El perro abre la nevera, coge un litro de leche, va al armario a conseguir un vaso de 10 cl. y vierte exactamente 8 cl. en el vaso sin derramar una gota.
    El informático piensa que se va a quedar con todos :
    - ¡Disco duro, impresiónales! El perro se instala delante del ordenador, lo arranca, inicia el programa antivirus, envía un mail e instala un nuevo juego.
    Los 4 hombres se vuelven hacia el funcionario y le preguntan:
    - ¿Y tu perro, qué puede hacer?
    - ¡Cafelito, enséñanos los talentos del funcionariado!
    El perro se levanta, hace un crucigrama en la pizarra, se come las galletas, se bebe la leche, juega un solitario en el ordenador, se monta a la perra del ingeniero y simula haberse lesionado la espalda en la labor, por lo que rellena un formulario de accidente laboral y coge una baja de seis meses."

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