22 de out. de 2007

Começo a me conhecer

E eu que tinha pensado:

"Sairei de São Paulo, minha amada cidade, do meio da poluição, trânsito caótico, metrô e ônibus lotados, deixarei para trás aqueles vários momentos de tensão de voltar para casa tarde da noite andando, de ser furtada e roubada, do trabalho estressante que me deu 3 pedras nos rins e uma gastrite nervosa. Que bem, irei para uma cidade mais pequena e mais tranqüila. Terei dificuldades, mas me adaptarei já que o mais importante é estar com meu marido. Pelo menos o stress vai ficar para trás."

Agora penso:

"Aqui do outro lado do Atlântico, em uma cidade mais pequena, a vida segue lentamente mas o tempo passa com tanta rapidez que só me dá tempo de olhar para trás e ver que sigo no mesmo lugar. No primeiro mês tudo bem, muitas novidades. Depois o tempo vai passando com uma velocidade surpreendente. Poucos amigos, a família longe, a carreira interrompida, crises existenciais infinitas. Acho que agora sim posso compreender minimamente o que é ser solitário, ser indefeso, ser estranho. E o tempo vai passando. Cidade que não conheço, sociedade que não compreendo. Momento de tensão na rua. Me gritam algo e eu respondo. Mau momento. Me dizem para voltar para o meu país, dentre outras coisinhas. Qual é o meu país? Sou filha de 2 continentes, sou esposa de outro. Me calo. Sinto-me como um fantasma. E o stress segue aí, mais forte do que nunca. Talvez eu tenha que 'cambiar el chip' e pensar nas coisas de outra forma."

Começo a me conhecer e muitas vezes não gosto do que vejo.

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