4 de fev. de 2014

Como está a situação na Espanha?


De vez em quando alguém me pergunta: Como está a situação aí na Espanha?

A situação econômica na Espanha não é boa atualmente. A "crise" realmente se estabeleceu. Observo isso no dia-a-dia e aqui explico mais por experiência pessoal que por qualquer dado estatístico (quem quiser ver os dados estatísticos pode navegar pela página do INE - Instituto Nacional de Estadística). Constato o seguinte:

- Subida de tributos. Em geral as coisas ficaram muito caras. Dá para perceber como os tributos são grande parte do que pagamos, tanto nas contas de luz e água como em víveres e roupa. Eu já achava que a comida era cara antes, em proporção ao preço de um carro ou equipamento eletrônico, comparando com como é no Brasil (que aliás pelo jeito também está com custo de vida pelas nuvens). 

- Pois agora cada vez que vou ao supermercado levo um susto. Eu não me importaria se eu tivesse um salario maravilhoso e tivesse uma alta tributação, com os consequentes benefícios sociais, mas não é o que ocorre. Cada vez mais vão recortando direitos sociais, as condições vão ficando precárias e ao mesmo tempo vão subindo os impostos. A sensação é de que nos asfixiamos pagando os tributos e que não vai haver uma contraprestação adequada.

- Em boa parte do ano as temperaturas são baixas e para ter um certo conforto precisamos utilizar o sistema de aquecimento da casa (calefacción), que pode ser individual de cada apartamento ou um sistema central no edifício. Esse sistema utiliza energia de gás natural ou diesel. Muita gente já não é capaz de pagar essas contas e simplesmente desligam o sistema e passam frio ou compram radiadores elétricos que podem ligar e desligar com rapidez só para esquentar os lugares mais próximos em que a pessoa estiver. A conta de luz está tao alta que a própria companhia de luz está vendendo uns kits para ter descontos na conta, o energy pack (parece mentira, mas não é...).

- Recorte de direitos trabalhistas, salários congelados ou rebaixados, gente sendo despedida em massa ou empresas passando por reestruturações que acabam em recortes de salário ou despedimentos.

- Taxa de desemprego altíssima (mais de 25% da população ativa está desempregada), emprego precário e instável já que as pessoas só encontram trabalho temporário. Famílias que antes eram da classe média está fazendo fila nos centros de caridade e banco de alimentos.

- Gente que não está acostumada a estar afogada em dívidas está se suicidando ou está totalmente desamparada, com famílias inteiras sem trabalho ou qualquer fonte de ingresso. Tem gente que pode voltar para a casa dos pais e vivem da pensão da aposentadoria deles. Tem gente que tem casa no "pueblo" e pode ter uma horta e criar animais para se sustentar, mas as pessoas com um modo de vida totalmente urbano precisam viver do que conseguem nos bancos de alimentos e da caridade. Além disso tem muita gente hipotecada que não consegue mais pagar o que deve e acaba despejada, na rua mesmo.

- Dificuldade para abrir seu próprio negocio. Bom, na realidade abrir o negocio em si não é realmente difícil e nem tem um custo muito elevado, mas manter o negocio por tempo suficiente para que este possa sobreviver e ser rentável é bem complicado na situação atual, já que cotizar a seguridade social e pagar os respectivos tributos é custoso. Se bem que existem subsídios e bonificações para a criação de novos negócios, mas dá para perceber que a coisa está ruim, ao ver como muitos negócios não chegam a sobreviver nem um ano.

Um comentário:

  1. Nossa que chato ler isso, meu marido e eu vamos nos mudar para Espanha em breve e eu sinto um certo medo de não conseguirmos nos estruturar lá e ao ler isso fico mais receosa ainda. Agradeço por sua matéria.

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